Gostaria de agradecer aqui a entrevista que saiu no jornal deste domingo na Troppo do Jornal O liberal, era o dia da saudade e esta pessoa maravilhosa que é a Iva me deu a oportunidade de falar da saudade que tenho do meu filho. Vou postar aqui a entrevista por inteira, que foram perguntas feitas e respondidas por mim, mas eu quero mais uma vez dizer que fiquei imensamente feliz com o convite, já recebi muitas visitas no blog e palavras muito carinhosas de força e coragem. Obrigada Meu Deus por esta oportunidade que tive, obrigada ao Jornal, Obrigada a Troppo e a colunista Iva Muniz.
ENTREVISTA DE IVONETE FERRARI MELO PINON:
Nome: Ivonete Ferrari Melo Pinon
- Idade: 45 anos
- Profissão: Ex-bancária do Banco Caixa Econômica Federal, hoje aposentada por neoplasia maligna>
- Como era o Gabriel em termos de comportamento? Era extremamente humilde, responsável, bom aluno, tímido mas ao mesmo tempo em casa muito brincalhão, muito amigo de todos, solidário, não fazia diferença entre ninguém, amava animais e jogar bola, um excelente filho, aluno, amigo, neto, sobrinho.
- A senhora já havia ficado longe dele por outro motivo como trabalho ou viagem? Sim, eu tive câncer e precisei me ausentar por 30 dias da primeira vez, quando ele tinha 06 anos, depois em outras viagens para cirurgia em São Paulo onde era feito o tratamento, eram viagens mais curtas, de 15 a 20 dias. A saudade sempre era grande e eu tinha a maior alegria de chegar em casa com presentes para ele e que alegria maior ainda era chegar e o encontrar me esperando no aeroporto.
- Como foi lidar com doença repentina dele? Não tive tempo nem para pensar, ele teve a dor de cabeça em um sábado às 18:00 horas jogando bola, à noite já estávamos na médica onde ela disse que poderia ser uma enxaqueca, e se continuasse era para fazer uma tomografia com 03 dias, mas no domingo 07:00 horas da manhã ele já estava fazendo esta tomografia, porque durante a noite teve outras dores e ela não passava e meu coração de mãe sabia que tinha alguma coisa muito grave, e no domingo na tomografia já verificaram que ele tinha um grande tumor no cérebro que tomava quase a metade do cérebro, foi internado no domingo e na segunda quando ia fazer a cirurgia, já amanheceu em coma onde ficou em coma por 04 dias e no quinto dia ele partiu. Nestes dias no hospital, eu vendo meu menino tão cheio de saúde que nunca teve uma dor de cabeça sequer, deitado naquela cama, cheio de tubos, eu percebi o quanto somos frágeis e não temos controle da vida, eu vivia na capela pedindo a Deus para me levar no lugar dele, eu fiquei dentro do hospital em um quarto e o visitava sempre, dizia palavras de amor em seu ouvido e o beijava a todo momento quando estava com ele na UTI. Tive apenas 05 dias para aprender a lidar com aquele grande tumor que o levou, e que os médicos de nenhum lugar souberam explicar como ele nunca sentiu nada. Para eles foi inexplicável.
- Como foi o primeiro momento ao saber que ele tinha partido? Uma amiga médica que estava ajudando a cuidar dele chegou no quarto e me disse que ele tinha partido, eu mordi um lençol do hospital e gritei para mim, tudo o que eu podia, de dor, baixo, ( eu não tinha o direito de incomodar os outros doentes,) naquele momento eu morria junto com ele, meu coração se quebrou inteiro como um espelho, em pedaços. No primeiro momento fiquei dopada pela dor, eu era que estava sendo enterrada viva junto com meu filho. O primeiro momento é apenas de choro dia e noite, de dúvidas, de porquês, de revolta por eu ser tão impotente e não ter conseguido salvar meu filho ou ter feito um exame antes que mostrasse o que ele tinha, de revolta por ele não ter sido operado no mesmo dia, são muitos sentimentos que se misturam ao mesmo tempo. Receber o corpo de um filho em um caixão na quadra que dias antes ele jogava futebol, ( ele foi velado na escola, no lugar onde mais amava estar que era jogando bola ), é uma dor inimaginável. O recebi no meio da quadra de joelhos, apertando forte meu ventre, de onde aquele lindo menino saiu um dia.Segurei forte em sua mãe e cantei a música Segura na mão de Deus. Todos os seus amigos estavam presentes. Ele era muito amado. Quando ele estava sendo enterrado eu toquei violão e cantei para ele. O grande amor da minha vida estava indo se encontrar com Deus.
- Como a senhora avalia hoje a saudade que tem dele? Se temos saudade, é porque amamos um dia, e se amamos, valeu a pena viver, valeu a pena cada minuto que passamos juntos. Neste caso sei que esta saudade é temporária, porque tenho certeza que o encontrarei novamente. É muito difícil continuar a vida para quem fica com esta saudade que a todo o momento insiste em nos machucar, ela não mata, mas maltrata, mas é também através dela que sei que amei imensamente meu filho nesta terra, é através dela que relembro nossos lindos momentos, é pela saudade que vivo e que morrerei feliz.
- O que a senhora faz para amenizar a saudade? Assim que perdi meu filho, comecei a escrever, fiz um blog onde contava meus dias e o que estava fazendo para tenta sobreviver. Em seu leito de morte fiz uma promessa para ele, que era tentar transformar tanta dor em amor e que sua morte não seria em vão. Comecei a escrever em Abril de 2009, mas não tinha noção de como era recebido este blog na internet, quando em Janeiro de 2010 uma mãe me disse que iria colocar um contador em meu blog para saber quantas pessoas o visitavam por dia. E fiquei surpresa quando vi que mais de 300 pessoas passavam por ele todos os dias de todos os lugares do mundo e como naquele mês de Janeiro eu tive um sonho que estava lançando um livro, eu resolvi transformar o blog em um livro para ajudar com a renda instituições de crianças carentes, e quando lancei a proposta na internet uma editora de São Paulo se interessou e em Junho de 2009 o livro foi lançado, que se chama: Diário da Mãe de um Anjo. Hoje foram vendidas mais de 500 cópias, já fiz 03 lançamentos do livro, 02 no Paraná e um em Icoaraci, onde nós morávamos, já ajudei 04 insituições de crianças. Sempre escrevo no blog e recebo muitos depoimentos de mães, com o sofrimento delas também aprendo a lidar com minha saudade. Acredito que se eu conseguir ajudar uma pessoa que seje a sair da cama, se levantar e voltar a querer viver depois de uma dor tão grande como esta, é porque a morte de meu filho com certeza não foi em vão. Vejo fotos, filmagens. A saudade sempre aperta quando estamos com nossa mente vazia, devemos tentar mudar um pouco o foco, é muito difícil, mas agora estou tentando, às vezes a saudade é tão grande que damos passos para trás, a vontade que dá é ficar no quarto o tempo todo, é preciso coragem para recomeçar, força de vontade. Eu penso que seu meu filho está perto como eu acho que está, ele iria querer que eu me levantasse e vivesse por ele. Sonho muito com ele, e assim consigo matar um pouco da grande saudade que sinto dele. Gosto de viajar, e recentemente quando cheguei na Galiléia em Jerusalém, na primeira noite eu tive um sonho com ele, ele veio me abraçar e dizer o quanto Deus era maravilhoso. No livro conto muitos sonhos que tive com ele e manifestações de sua presença em minha vida. Acredito que se abrirmos nosso coração e aceitarmos a vontade de Deus, nós podemos perceber pequenos detalhes que nos provam que eles estão muito perto de nós.
- A senhora costuma frequentar os locais que ia junto com ele? Se sim, como é essa experiência? Se sim, como é essa experiência? Já fui no colégio onde ele estudava algumas vezes, ele recebeu homenagem no colégio dele dos amigos, mas é bastante dolorido ver todos os seus amigos e ele não estar lá. Quando fui no Shopping a primeira vez sem ele e sentei na mesinha para lanchar o lanche que ele amava, chorei demais, no supermercado vendo as coisas que ele gostava também saí chorando de lá, mas aí insisti e fui novamente, mas nunca mais é a mesma coisa. Muitos pais evitam lugares e pessoas que lembram a criança porque as crises de saudade apertam muito, se pudéssemos pularíamos as datas especias, como Natal, Páscoa e outras. Mas a vida continua para quem ficou, apesar de nunca mais ser a mesma.
- Neste domingo em que se comemora o Dia da Saudade, qual a melhor ou maior lembrança que tem de Gabriel? A maior lembrança que tenho dele era o amor que ele sentia pelas pessoas, e animais, é o seu lindo sorriso que contagiava a todos dentro de casa. A maior lição que meu filho me deixou foi que não existe passado e nem futuro, o que existe é o hoje, o presente, onde devemos amar a todos, se doar de coração tentando deixar na terra uma lembrança boa. Uma lição de amor, de esperança, de fé, de coragem. Meu filho me deixou a lição de que existe uma vida eterna muito mais linda do que esta, que poder, dinheiro, não significa nada, que o que fica e o que levamos é o verdadeiro amor que sentimos pelas pessoas, e se deixamos saudade na terra, é porque fomos amados. Saudade de uma mãe para com seu filho que partiu, é a saudade mais dolorida que existe nesta terra, mas é a saudade mais pura, mais linda, mais sincera que pode existir.A saudade separou nossos corpos, mas nunca vai separar nossos corações, estaremos ligados pelo resto de minha vida aqui na terra pelo amor que sentimos um pelo outro. Quando sinto saudades, olho para as estrelas e converso com meu filho, olho para a natureza e sei que ele está caminhando ao meu lado. Meu filho cumpriu sua missão da melhor maneira possível apesar de seus 12 anos, plantou muito amor nesta terra e deixou uma semente de esperança em meu coração. A esperança que existe uma vida onde nos encontraremos e nunca mais iremos nos separar.
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
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4 comentários:
Ivonete lindo, sabe eu sinto muita a falta da minha filhota que se foi mas não sei se vc vai poder me ajudar e até me compreender,
Vou tentar explicar; Na minha gravides tive diabetes gestacional e o medico não me disse nada minha filha nasceu, quase não chorou apesar disso teve um apgar 9/10 percebi que algo estava errado pois ela era muito quieta, minha mãe tb achou algo estranho e no segundo dia de nascida minha filha teve convulsão de hipoglicemia foi levado dos meus braços colocada no soro com glicose por 24 horas e depois teve alta.
Na minha cabeça achei que o medico ja sabia que eu era diabetica e quis encobrir aquela situação sei lá.
Bem fomos pra casa e com 23 dias a minha filha teve uma convulsao forte e levei ela no hospital fizeram uma poligrafia neonatal que acusaram 23 crises durante 1 hora.
Meu Deus como sofri, minha filha teve diagnostico de paralisia cerebral, eu cuidei dela com o maior amor que eu poderia dar.
Levei a todos os lugares onde eu pude levar, fizemos hidroterapia, fisioterapia, terapia ocupacional e etc...
Ela sempre tendo crises amiga, aquilo me matava por dentro ver aquela criança tão linda sofrendo tanto, mas eu nunca culpei ninguem e nem mesmo deixei de acreditar em Deus e com 1 aninho minha filha teve diagnostico de Hidrocefalia e na cirugia ela partiu.
Meu mundo acabou, mas depois sentia um certo alivio sabe, mas eu não queria sentir procurei tratamento pra mim pra enender o porque, e as poucos fui entendendo os misterios de Deus, pois engravidei e nasceu outra pequena.
E sabe como descobri todas as causas do problema da minha filha.
Descobri quando fiquei gravida pela 2 vez, pq a médica pediu os meus exames da 1 gravides.
Amos as minhas filhas mais que tudo no mundo, adimiro vc me emocionei com a entevista.
beijos enormes no seu coração
Andréia mãe do Anjo Anna Laura. e da sapequinha Ana Lívia
Que A paz de CRISTO possa estar reinando em seu coração!q historia comovente amada, chorei do começo ao fim,sei q o que vc passou n~foi nada fácil,a dor da separaçao de quem tanto amamos é inexplicável,hoje sofro muito com a dor da perda de minha irmã e meu sobrinho q partiram de repente.(acidente de ônibus) fez um ano mas é como se tivesse sido ontem,após sete meses foi meu paizinho q se foi,como é dolorido ás vezes acho q ñ vou suportar de tanta saudade,ele adoeceu deste o dia da morte dos dois passou sete meses prostado até q DEUS decidiu levá-lo,depois dessas perdas fiquei muito frágil,penso muito q a qualquer hora posso perder algúem q tanto amo e estou sofrendo muito pois passa tanta cenas na minha mente,como q se fosse acontecer a qualquer momento mais uma perda.DEUS me deu três jóias raras doi meninos e uma menina lindos! e um esposo de excelência,preciso de força para superar tamanha dor!!!
Um forte Abraço q DEUS continue te confortando!
Léia, de Carolina -MA
Palavras muitos linda vc é uma guerreira!! Por suporta essa dor q é inexplicavel.
Prezada Ivonete
cheguei ao seu blog pesquisando msg na internet para a issa de 30o. dia de meu irmão, que perdi há quase 1 mês, vítima de câncer. Ele tinha 36 anos, era solteiro, mas sem filhos.
Parabéns pela sua luta e pela sua história, que é mto inspiradora.
Um abç
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